terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Pé pra dentro

Estava sem pique para escrever por aqui porque me sinto, diferentemente do nome do blog, com o pé bem dentro das convenções sociais. Afinal, não posso (na verdade, não quero) ser mais "ilegal" do que já sou (por causa das vacinas e da desescolarização).
Pois é, as minhas escolhas esbarram no meu próprio limite de enxergar-me fora da lei. E, por isso, estou ansiosa para o Jorge encontrar um empregador batuta, que o permita pedir o visto de trabalho e, então, eu e as crianças poderemos acertar nossos vistos e, quiçá, a situação das crianças fora da escola. Ainda não perguntei para meus colegas unschoolers como funciona essa questão legal por aqui... Talvez tenha de fazer como a Thais e apresentar argumentos que comprovem que elas não estão desamparadas intelectualmente. Quando descobrir, posto aqui.

Outra coisa que tem me deixado com o pé "pra dentro" é o preparatório para o IELTS. Sabe treino do cursinho para o vestibular? Aqueles macetes de memorização e da técnica da prova? Pois bem, é isso. Como faz para se desescolarizar num treco tão careta? Ai... E isso porque decidi que quero voltar a estudar e se formos ficar aqui, precisarei de 7 no IELTS.
E aí me dá um desânimo danado de pensar na nossa sociedade tão e tão caretinha, que se apega a papeis com números e não na pessoa, na força de vontade, no conhecimento que traz da vida. É o que sinto com o tanto de documento que o Jorge tem de apresentar para se mostrar capaz para os empregadores em potencial. E quem o conhece se pergunta "como é que ainda não o contrataram?".
Penso nos meninos também. Puxa, eles estão tendo experiências tão incríveis...
Tal São Paulo, tal Wellington. Que verão é esse?
E não é que tem gente que mora em casas ambulantes? (in a Gypsy Fair)
E quando pontas de lápis e giz viram obra de arte, a la Vik Muniz?
... e um dia, mesmo que não queiram, terão de sair à caça de certificados, cartas de referência, testes de IELTS e afins... Pelo menos essa busca eles já vão saber como é, pois estão vendo mãe e pai correr atrás dessa papelada.
Eu continuo aqui, estudando, estudando e estudando, mas não pelo "certificado" (até porque ninguém precisa de um para ser feminista, para educar pela potência e pelo apego, para se desescolarizar, para ler Espinosa, para ser minimalista, para entender o co-housing, para apoiar o parto humanizado), e sim pelo gosto de saber, de me conhecer, me reconstruir, me questionar. Mas aí eu sou "útil" só para mim e isso não importa para a minha sociedade... Doce ilusão...

Um comentário:

  1. Uau! Que legal! Adorei ler. Deve ter sido muito gostoso mesmo! Como faço para falar com meus amigos d'além mundo pelo Skype? Beijos Fabio, Marcela, Catarina, Elizabeth e Maria Clara.

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