quinta-feira, 27 de março de 2014

Menas...

Eu estou me sentindo péssima mãe… Estou me sentindo impotente, sem respostas, perdida. E isso porque, de verdade, acho que meus pimpolhos nem dão tanto trabalho assim.

 


Mas quando surge aqueles cinco minutos de puro terror, eu não sei o que fazer, o que dizer, o que sentir… E isso aconteceu outro dia no supermercado. Fui feliz e contente com os três ao mercado achando que ia ser o maior passeio legal no meio da tarde, que poderíamos escolher umas tranqueiras para comer quando chegássemos em casa e que todos iriam e voltariam felizes. Infelizmente a realidade dificilmente é como a pintamos (preciso perder esse péssimo costume de pintar a realidade antes de vivenciá-la). Daí que na hora de passar no caixa os três tomaram a pílula da chatice suprema: o Caio sentou no chão e ficou chorando, a Anna ficou puxando minha blusa pedindo mamá enquanto eu tentava tirar as coisas do carrinho para passar no caixa e o Igor ficou brigando com o Caio porque ele estava sentando no chão chorando.

Parecia o caos… Eu estava no meio dele, sem saber por onde começar. Ninguém ouvia minhas súplicas de "vamos só passar os produtos e aí eu já dou atenção pra vocês". Não, com criança não tem essa de "daqui a pouco". Tudo é muito intenso e é agora.
Respirei. Respirei de novo e de novo e nada vinha. Fiquei decepcionada comigo como mãe. Com eles como filhos: como eles podiam estar fazendo isso "comigo"? Sabe, aqueles pensamentos totalmente fora de propósito? Pois bem...
Aí eu pedi para o Igor e o Caio me esperarem do lado de lá do caixa (o Igor foi, o Caio ficou chorando, sentando no meio do corredor), arrumei a Anna no sling para dar o mamá e, toda torta, consegui tirar as coisas do carrinho.
Quando saímos do mercado, estava um frio de inverno (detalhe: havíamos entrado num calor de verão) e eu não tinha levado blusa para o Caio. Ofereci a minha. Choro o caminho TODO. Todo, mesmo. Do começo ao fim. Aquele frio da peste e o menino chorando, sentando no meio da calçada, dizendo que queria ficar lá…
Respirei, sentei, calei, falei o que não devia (tipo: então você fica aí que eu vou lá em casa, porque estou com frio e peço para o seu pai vir te buscar). Momento "menas" total!
Aos trancos e barrancos chegamos em casa. Sentindo-me a pior mãe do mundo. Um lixinho. Um nada. Seria melhor que eles ficassem só com o pai, já que eu só atrapalhava, eu cheguei a pensar.
Aí me toquei de que o problema todo começou… tcharam! comigo idealizando o passeio. Como tudo saiu dos eixos, a frustração falou mais alto e eu me senti péssima. Eu acho a frustração um treco muito difícil de lidar… 
Daí que esse sentimento de "menas" mãe não saiu de mim desde então.
Aí me deparo com esse texto e esse trecho, particularmente, pegou: 
"Unschooling in every part of life
I recently realised that we have always been unschooling. For unschooling isn’t just “Not sending children to school” – it is really a whole life philosophy of trusting children. Trusting their own natural learning process but also trusting things like their eating (Baby Led Weaning is a great example of unschooling with a baby!) and their sleeping and their playing."

Que, mal traduzindo, seria algo como:
Desescolarização em toda parte da vida
Recentemente eu  percebi que temos sido desescolarizados. E desescolarizados não significa apenas "não mandar as crianças para a escola", mas é realmente uma filosofia de vida de confiar nas crianças. Confiar no seu próprio e natural processo de aprendizagem, mas também confiar na maneira como eles se alimentam (Baby Led Weaning é um ótimo exemplo de desescolarização com um bebê!) e como dormem e brincam.
E de novo eu me pego pensando em como posso confiar mais neles, ter menos medo de errar, menos medo de me encontrar com quem sou…
Aí outro dia eu me assumi uma mãe possível. Na segunda passada fomos a um encontro de unschooler num lugar longe pra burro (mas liiiindo, diga-se de passagem. Olha as fotos logo abaixo!).
Não tenho receio de sair com os três, mas ainda estava com o sentimento de "menas" me tomando. Então antes de sair eu pensei "vai ser o que for possível, se for uma droga de passeio, paciência, mas pelo menos vamos dar um rolê…".
E depois de uma loooonga viagem (seria como ir da zona oeste à zona leste de São Paulo, pegando o trem na Luz), chegamos num lugar mágico, encantador.
Viagem tranquilíssima, sem contratempos.
Definitivamente amo os parquinhos daqui.
Com esguichos para as crianças brincarem.

Tá vendo aquele chão colorido ao fundo? Era a área dos esguichos.
E diversos brinquedos divertidíssimos.

O dia foi perfeito: tempo agradável, pausa para piquenique, brincadeiras mil.
 

 

 

Aí no fim do dia, quando começava a esfriar (umas 5 e pouco da tarde) eu comecei a convidar os pequenos para irmos embora. Eles enrolaram, enrolaram, aí tive de ser mais clara: o trem não funciona a noite toda. Tínhamos de respeitar o horário. E convidei meus monstrinhos de areia para lavarem os pés nos esguichos. Adivinha: eles se molharam da cabeça aos pés. O que foi ótimo por um lado, pois ficaram sem areia, mas péssimo por outro, pois tremiam igual vara verde.
Fiz o que pude para ser rápida e enxugá-los e aquecê-los, mas a Anna começou a chorar por mamá e o Caio começou a chorar pois eu não estava disponível para ajudá-lo. 
Respirei aquele ar doído, sabe, que entra enroscando na garganta? O que eu podia fazer? Como não enlouquecer com tanto choro e pedido por uma mãe-polvo?
Fui direta: "Caio, é o seguinte: tô fazendo o que posso, só que se você ficar chorando junto com a Anna, aí é que eu não vou conseguir fazer nada mesmo!". E ele disse "Tá bom" e, milagrosamente, parou de chorar!
Pude terminar de arrumá-los, dei algo para comerem enquanto arrumava as coisas para irmos embora e ainda fomos dar uma volta na praia, como se aquele episódio tivesse ficado muito distante…


Trenzinho… piuí!
Ou seja, é aquela velha história: não adianta querer ser super. A realidade é bem mais modesta. Então o exercício da semana vai ser me convencer a aceitar as minhas falhas com todo o amor que tenho por mim mesma. :D See you!

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