segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Post difícil...

Faz tempo que não escrevo. Nem posso dizer que foi porque não tive tempo (disse isso para o Jorge anteontem, mas é preciso admitir a mim mesma...). Não escrevi porque vim elaborando esse texto dentro de mim com os últimos acontecimentos. Antes de ir para a autorreflexão, vamos às notícias, que sempre são bem-vindas!
Igor assim que chegou em casa, depois de 21 dias de hospital.

O Igor ainda não teve alta. Está em tratamento, mas em casa! Na foto acima ele estava matando a saudade de suas coisinhas, de seu quarto. Dá para perceber que a Anna e o Caio estão radiantes? :D
Ficamos todos, claro, mas a readaptação foi difícil para ele. Afinal, tanta pressão nos deixa meio perdidos quando estamos novamente em nosso porto-seguro. Eu acho que o fato de ele ter tido de obedecer a tudo e a todos no hospital deixou-o muito sensibilizado e os primeiros dias foram muito difíceis para ele.
Devagarinho fomos nos acertando, porque como o tratamento continuava, a dieta, os remédios, os horários e os exames também continuaram. Hoje acredito que encontramos um equilíbrio. E hoje, literalmente, tivemos uma ótima notícia: pela primeira vez, desde que iniciado o tratamento, os níveis de infecção do Igor diminuíram significativamente!
E nesse caminho até aqui, houve muita, muita aprendizagem.
A primeira delas foi assumir que, nem sempre, ouvir meus valores é o melhor caminho. Por causa da DGC (Doença Granulomatosa Crônica, que eu explico brevemente aqui), o Igor teria de tomar, de acordo com a medicina alopática, antifúngico e antibiótico diariamente. Isso vai totalmente contra o que eu acredito como boa saúde. Veja bem, se eu evito usar xampu por causa da química, que dirá remédios como esses...
Por causa desses meus valores, que considero muito corretos e aceitáveis, procurei caminhar com a homeopatia e a antroposofia lado a lado à alopatia. Tudo ia muito bem, obrigada. Tínhamos reduzido a quantidade de remédios, com o aval das médicas que acompanhavam o Igor (uma alopata e uma homeopata), e ele se mantinha sem doenças. Então nos mudamos para a Nova Zelândia.
Simplesmente a doença do Igor não passou a ser um problema para mim. Eu a "esqueci", ou a queria esquecer. E só me dei conta disso em um e-mail que escrevi para uma amiga, explicando que nos exames feitos para a imigração foram descartadas todas as doenças. Veja bem: eu sabia da doença do Igor. Eu sabia que ela não seria identificada nos exames da imigração, mas eu não queria mais enxergar isso como um problema. E, por isso, não nos preocupamos em procurar um médico aqui que pudesse receitar a medicação de que o Igor precisava para se manter um pouco mais protegido das doenças.
Errei. Erramos.
Sim, é muito difícil assumir isso assim, publicamente, mas o faço de coração aberto, porque o fiz meio inconscientemente baseada no que eu acredito, nos meus valores. Eu só esqueci de ouvir meu coração... Ele sempre me mandava uns "recadinhos" de insegurança. Mas como poderia voltar a dar aquele monte de remédios? Como?
Eu continuo achando que há muitas e muitas medicinas e que todas elas têm seu lado positivo. Prefiro ainda aquelas que usam conhecimentos ancestrais e fogem um pouco do tecnicismo. Mas hoje eu sei que é preciso saber usar os recursos que temos e, para o Igor, não sei se fugir da alopatia seja um caminho. Ouso dizer que não. Não por ora.
Enquanto eu responder por ele, não sou capaz de dançar essa dança sozinha. Estou num momento de dança de grupo, dança de roda, dança de um por todos e todos por um, que foi o que eu vivi nessas últimas semanas, e que me fez entender que é preciso ter olhos e ouvidos sempre atentos. Sempre. Não para o outro, mas para si.
Só tenho a agradecer a melhora do Igor, ao apoio que recebemos, aos amigos de longa data feitos num dia. E a você também, que de uma forma ou de outra acompanhou tudo e está aqui mais uma vez.
O blog renasceu. Eu renasci.

Um comentário:

  1. Pê, um abraço apertado. E cada vez mais admiração por você, por sua sabedoria e sua sensibilidade. Gratidão por essa partilha sincera, todos nós tropeçamos vez ou outra, mas quando temos coragem para falar disso abertamente, acho que toma uma proporção diferente, fica mais leve, os nossos tropeços e dos outros.

    Muita melhora para o Igor!
    E equilíbrio para família toda!

    Beijos

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