segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Português como língua de herança

Eu sou professora! Bom, já falei aqui que sou professora de português como língua estrangeira, mas agora também sou professora de português como língua de herança! Sim, sim... Nem sabia direito que isso existia, até vir morar aqui, do outro lado do globo, e descobrir que há um esforço de algumas famílias brasileiras de manter a língua portuguesa e a cultura brasileira vivas em suas casas e em sua convivência comunitária.
E eu me tornei professora de alguns pequenos, filhos de famílias que se preocupam com isso e fazem esse esforço. 
Grupo Brasileirinho na apresentação do Brazilian Day Festival.

Pode parecer um contrassenso, afinal, eu sou unschooler... ou pratico natural learning... ou sei lá (porque essas etiquetas são bem restritivas e eu nunca sei muito bem a diferença entre elas, pois ando me preocupando menos com etiquetas e mais com o bem-estar geral da nação, digo, da minha família). Mas eu não acho que estou indo contra os meus valores... Não forço as crianças a fazerem atividades que não queiram (não acho que uma ou outra atividade que não seja feita fará uma diferença significativa na aprendizagem...) e foco na troca, na conversa, no uso da língua em sociedade.

Anna trabalhando no Brazilian Day Festival. Olha o nominho dela lá!
Estou aprendendo muito. Se já aprendo com os meus, imagina o que não vou aprender com os filhos alheios, não é mesmo? Também estou aprendendo sobre os adultos (no caso, os pais) e sobre suas ansiedades e preocupações. Estava um pouco distante disso e voltar a lidar com essas questões foi estranho... Foi como se eu estivesse ausente, vendo do alto. Como se aquelas questões não fizessem sentido algum e, ao mesmo tempo, eu entendesse o porquê desses anseios.
Mas o caso é que cada vez mais acredito que se deixarmos as crianças livres, mais elas vão interagir e mostrar seus interesses. Se até adolescentes sentam-se para desenhar e pintar vez ou outra, o que os mais novos, que ainda não foram tão moldados e manipulados poderão fazer?
Igor, Caio e os amigos trabalhando durante o Brazilian Day Festival.
Só espero que eu, como adulta, lembre-me sempre disso, de respeitar as crianças, seu tempo, seus desejos, seus interesses. Que eu me lembre que não precise podar como fui podada. Que posso mostrar algo interessante sem que exija algo além do que a criança pode me dar, seja um silêncio, seja sentar, seja parar. Que eu consiga sempre enxergar.
Se eu esquecer, faz o favor de me lembrar?

2 comentários:

  1. Muito bom, Pê! Conheço muitas famílias aqui que se esforçam também para que as crianças evoluam no português, apesar de nem sempre terem sucesso. Eu só fico imaginando a tristeza de as crianças não poderem se relacionar com os familiares do Brasil porque os pais desistiram do idioma. No nosso caso, com a família toda falando português, é fácil. Mas quando só um dos pais fala português e a todos os contatos mais próximos falam outro idioma, deve ser complicado mesmo. :(

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    1. Sim, deve ser bem complicado! Mas conheço crianças nessa situação que falam super bem! Claro que é um esforço danado da mãe (os casos que conheço são mães...), mas acho que vale a pena! As crianças podem falar com os familiares e a conexão não é quebrada. :D

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