quarta-feira, 13 de abril de 2016

Aquisição de segunda língua no unschooling

Há uns dias, uma amiga muito querida me perguntou como é que meus filhos aprenderam inglês, já que ela está identificando dificuldade para a filha dela aprender alemão.
Bom, primeiro é importante frisar que nós estamos na Nova Zelândia (e ela na Alemanha) e, claro, a língua em uso facilita muita coisa. Então se você é unschooler e tem filhos no Brasil, o que eu vou falar aqui talvez não se encaixe para você, mas pode, mesmo assim, te levar a ter alguns insights (esses insights estão nos lugares mais inesperados! há!).

O que será que diz aqui?


Antes de virmos, nós achamos melhor tanto para nós quanto para o Igor, na época com 11 anos, estudar um pouco de inglês. O Igor adquiriu noções básicas de pronúncia e algum vocabulário, mas quando chegamos, ele preferia não falar muito.
Quando estávamos viajando já há uns 15 dias ele se arriscou a conversar com o rapaz do bungee jumping e foi muito legal ver que ele conseguia, sim, ter uma conversinha simples. Aos poucos ele foi adquirindo mais e mais vocabulário, assim como os irmãos. Como? Bem, nós também estávamos (estamos, meus caros, estamos...) aprendendo, então nós conversávamos vez ou outra em inglês, convidávamos pessoas a ir a nossa casa e arriscávamos.
Amigos que falam em inglês ajuda muito!
Todo dia de manhã eles tinham a sessão ABC, ouviam/assistiam a uma meia hora, quarenta minutos, de músicas infantis, para adquirir vocabulário (esquerda, direita, números, cores etc.). E passamos a assistir a filmes infantis sem legenda. Como assistíamos trocentas vezes, passamos a entender cada vez mais...
E sempre, sempre, ficávamos felizes com um acerto nosso. Também procurávamos ser compreensivos conosco mesmos e menos auto-críticos. As crianças, entre elas, acabam sendo críticas e aí tínhamos de nos intrometer, né?
Pedi um lanche em inglês! Yey!!!!
Atualmente, o Igor se comunica bem em inglês, mas, claro, ainda está adquirindo vocabulário (tanto em inglês como em português! Afinal, não é fácil aprender as não-sei-quantas palavras de uma língua e usá-las).
O Caio está bem mais desenrolado (se bem que ele nunca teve vergonha, o que foi um ganho para ele, que saía por aí conversando qualquer coisa...) e às vezes sabe a palavra em inglês e não sabe em português. Por isso agora acho importante mantermos nossas relações com brasileirinhos para manter a língua materna também.
A Anna entende bastante coisa. Sabe quando responder seu nome, sua idade, essas perguntinhas que as pessoas fazem nas ruas. E também entende quando pergunto coisas para ela. Mas ela não gosta muito... Fica incomodada quando a pessoa só fala em inglês... Acredito que quando ela estiver mais confiante para falar ela se sentirá melhor e não terá essa amarra... O problema é que quando ela fala, ainda mistura português e inglês e as outras crianças não a entendem e ela fica frustrada... Por isso leio muito em inglês para ela e livros fininhos repetimos as histórias. Tem livro que ela fala inteirinho sozinha. :)
Ler em qualquer lugar! 
Mas não fiz nada organizado... Fui deixando acontecer, mas o mais importante na minha opinião: mostrando que a língua é bonita, que eu gosto de aprender. Muitas vezes acho que o que eu sinto influencia muito mais meus filhos do que o que eu falo ou faço. Se o sentimento transparece, eles parecem ser "contagiados" e fazem o mesmo.
Talvez se aprender for um sofrimento, for um esforço, se falar for vergonhoso, as crianças podem se bloquear e ficar receosas de mostrar o que já sabem.
E tenho certeza de que elas aprendem muito mais rápido que nós. Muito mais! :D
Interações na brincadeira fazem muita diferença!

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