quinta-feira, 5 de setembro de 2013

E quando o bullying acontece em casa?

Eu e o Jorge tivemos várias atitudes com o Igor que já abandonamos com os pequenos por discordarmos totalmente delas. Algumas ainda persistem, mas já as identificamos e estamos nos organizando para abandoná-las também. E assim será o processo ad infinitum, afinal, somos humanos (espero!).
O caso é que o Igor acabou fazendo o que fazíamos, sendo rigoroso, inflexível, impaciente. Claro que ele tem um monte de características que eu considero positivas, mas vou me ater a essas que não considero tão positivas assim.
Tendo aprendido a ser assim conosco, ele tem agido assim com o Caio. E o Caio... Bem, o Caio é um serzinho bem maluquete. Eu já disse que se eu precisasse responder aquele questionário horroroso sobre TDAH, o Caio ia se encaixar perfeitamente. E como eu e o Jorge abandonamos (ou estamos tentando abandonar) as práticas mais sisudas, o Igor tomou para si essa "responsabilidade" de "educar" o irmão.
Com jeitinho fomos dizendo que não precisava, que o Caio pode aprender com os próprios erros, como foi com ele etc. e tal. Em alguns momentos a ladainha aumentava um pouco, quando ele pegava mais pesado, e em todas as vezes deixamos claro que sempre chamaríamos a atenção dele se o que ele falasse para o irmão fosse muito limitador.
As chamadas de atenção do Igor pareceram diminuir, mas o Caio começou a falar umas coisas estranhas como "eu quebro tudo, mesmo", "eu não sei fazer", "eu não vou tentar pois não vou conseguir"... Fiquei preocupada e comecei a reparar mais nas atitudes do Igor e, realmente, aquela pegação no pé parecia ter diminuído.
Na sexta-feira passada o Caio acordou dizendo que tinha tido um sonho ruim. No sonho, o Igor estava com uma luz na boca e, quando a abria, ficava mau.
Acalmei-o, disse que tinha sido apenas um sonho e tudo bem. No mesmo dia, à noite, percebi o Igor chamando o Caio no quarto e, depois, o Caio chorando. Ali fez-se um estalo. O Igor estava praticando bullying com o Caio.
Conversei com o Jorge, falei sobre o sonho e sobre a ação do Igor e, agora, estamos evitando deixar os dois sozinhos e elogiando-os mutuamente. Porque eu tenho uma crença (pode ser uma baita duma teoria bonita que alguém escreveu, mas como eu não sei quem, vou chamar de crença, mesmo... rs...): quem comete bullying sofre bullying. Eu e o Jorge, de certa forma, praticamos o bullying com o Igor, minando a auto-estima dele com tanta inflexibilidade (pura imaturidade, já me perdoei), mas onde ele continuaria recebendo esse bombardeio? Ele não vai mais à escola (que é um lugar bem propício para tal), no kung-fu ele é querido por todos e se sai bem nas atividades. Sobra apenas: o condomínio. Nossa própria casa. :/
Minha família está um pouco fora da curva: não assistimos muito à TV (na verdade, faz uns dois meses que desistimos da TV e a doamos), os horários dos meninos nas "máquinas eletrônicas" são bem reguladinhos (cerca de 4 horas por semana, entre filmes e jogos), não compramos muitas coisas da moda (nem roupas nem brinquedos), entre outras coisas que não sei listar, pois também não sei muito bem o que seria uma família totalmente na curva. Por outro lado, criança é criança e se entende na brincadeira. E o Igor brinca com as crianças do condomínio. Mas no domingo ele estava radiante (era aniversário dele! 11 anos, já!), se arrumou todo e desceu para esperar os convidados para o bolo que ele tinha feito (chocolate com baunilha... hmmmm!). Dali a 5 minutos subiu. Quando perguntei, ele desconversou, mas o Caio foi logo dizendo que tal e tal pessoa estavam lá embaixo. Pessoas da idade do Igor. Amiguinhos de condomínio que, entretanto, o Igor preferia não ficar perto...
E aí, né?
Como é que eu faço?
Estou esperançosa de sairmos de um local onde etiquetaram meu filho, como bem reflete a Marília aqui, e ir para lugares onde ele será o Igor. 'Bora aproveitar a vida, filhão, pois você é muito mais do que dizem as etiquetas!

Um comentário:

  1. Fiquei chateada por saber disso. O Igor é uma pessoa tão especial, tão querida!
    Espero que a mudança traga uma liberdade e união maior ainda para a sua família.

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