sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Sobre ser minoria

Ontem foi meu último dia de aula no curso de inglês. Fiz 2 semanas intensivas: das 9h às 15h15, mais uma horinha para fazer a lição de casa, checar palavras, tentar usar um vocábulo novo numa frase…
Eu, as crianças e dois colegas do curso: um francês e uma taiwanesa. Ao fundo, um coreano jogando frisbe. :) Aprender assim é o que há!

Aí você vai dizer: ué, mas ela não está toda interessada na desescolarização? Sim, sim, estou, e nesse tempo que fiquei na escola procurei pensar de forma desescolarizada, o que não foi muito difícil porque a escola é de inglês e está inserida num contexto em que todos falam inglês.
Além disso, o processo de aprendizagem de uma língua é muito particular e, por isso mesmo, fácil de ser desescolarizado. Entretanto, tudo o mais que uma escola tem, a minha tinha: professor, alunos, livros, lição, testes. O que procurei fazer, portanto, foi transformar tudo isso em aprendizagem e percebi algumas coisas interessantes, por exemplo, quanto mais eu traduzo as palavras para o português, menos eu fixo ela na minha cabeça e menos eu consigo usá-la em meu discurso. Perceber isso fez uma grande diferença para o meu avanço. Se alguém estivesse constantemente traduzindo, de cima para baixo, meu aprendizado seria um fracasso.
Se bem que nas aulas da tarde eu tinha um colega brasileiro que virava e mexia traduzia umas coisas para mim (como se eu quisesse! rs). Que mania!
E por falar sobre esse colega, um dia ele estava comentando que a cultura brasileira é muito sensualizada e eu discordei. Ele logo justificou dizendo que todos os programas de TV apresentam mulheres seminuas e tal. E a professora se virou para mim e disse que, provavelmente, eu fazia parte de uma minoria.
Sei que minhas escolhas não são muito "comuns", pois geralmente questiono o status quo, mas não havia, até aquele momento, me sentido uma minoria. Sinto-me minoria, por exemplo, em relação à classe social, pois sei que ganho mais que muitos brasileiros, mas saber da outra realidade e ter convivido/conviver com ela não me fez ter a sensação que tive quando a professora me fez essa questão sobre a cultura.
Tive a impressão de não ser parte de nada e, por isso, poder ser parte de tudo. Como se eu não me encaixasse e, ao mesmo tempo, pudesse abraçar tudo, compreender tudo. Eu sei, meio louco… Mas o que eu procuro fazer é me juntar a outras minorias. Talvez para me sentir menos mal, quem sabe?
Semana que vem vou tentar encontrar um grupo daqui que também tem "praticado" o unschooling. Talvez eles também tenham essa sensação de não pertencimento e poderei pertencer aos não-pertencidos… rs
Agora vou lá fazer o almoço, pois daqui a pouco o Jorge deve voltar com as crianças do Central Park. Lá vão umas fotos de lá:



2 comentários:

  1. Ai, que saudade! As crianças estão lindas! O Igor é um fofo e um artista, não me canso de dizer!
    Você não me passou seu endereço! Me mande e diga o que quer que eu te envie aqui do Brasil, hehehe! Aproveita que está chegando seu niver...
    Beijos em todos!

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  2. Ai, esses brasileiros malas em terras estrangeiras!
    Interessante esse seu comentário entre as duas percepções sobre o país de origem. Ele tem essa visão de que a cultura do Brasil é sensualizada porque é o que ele vivencia. São os programas que ele assiste, os locais que ele frequenta... que são totalmente diferentes dos seus, com certeza.
    Tenho dois amigos do tempo de escola que adoram tirar sarro de funk e sertanejo. Aí eles começam a falar sobre a música e, quando eu falo que não conheço, eles não acreditam. Acham que eu estou mentindo só pra me fazer de superior, já que, segundo eles, tal música está tocando em TODOS os programas de televisão, em TODOS os bares, em TODAS as rádios etc. Bom, no meu mundo, não está.
    Aliás, li um texto muito interessante agora há pouco que vai mais ou menos nessa linha: http://ansiamente.wordpress.com/2012/05/10/a-arrogancia-segundo-os-mediocres/
    [Adorei o Central Park =) ]

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