segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Acampamento de desescolarizados

Esse fim de semana colocamos o pé na estrada novamente. Fomos para um retiro de quatro dias com diversas famílias unschoolers, acho que umas 30 e tantas.
A mão inglesa sempre causa um nervosismo no nosso motorista oficial. :)
O retiro aconteceu em um acampamento pertinho da praia, em Foxton Beach. O tempo estava ótimo e pudemos aproveitar bastante.
Anna e o mar.
Na roda de boas-vindas pudemos conhecer um pouco de cada família, o que elas buscavam no retiro e o que elas têm aprendido como unschoolers. E a variedade era imensa! Famílias grandes (com mais de 4 filhos), famílias pequenas, famílias que moram na cidade, famílias que moram no campo, famílias que moram em ônibus ou em trailer, famílias sem preocupação financeira, famílias com preocupação financeira, enfim, um pouco de tudo.
Nossa "comunidade" por 4 dias.
Havia uma programação bem variada e do tipo "participa quem quer".

Programação de sábado.

Eu acabei fazendo yoga, pintando uma bandeira, fazendo uma heroína de lã cardada e participando do círculo de mulheres. Além de auxiliar com os jantares coletivos, a limpeza do lugar em que comíamos e dos banheiros.
Eu me desenferrujando com meus coleguinhas de yoga.
O círculo de mulheres (olha eu com o bastão da fala!). Definitivamente temos força para mudar o mundo...
Olha a minha pequena heroína!
Além de outras atividades bem interessantes. No sábado à noite teve a Fancy Parade para as crianças (e os adultos que quisessem, como eu! haha) se fantasiarem. 
Eu e a Anna de princesas.  Eu, a Princesa Penélope (direto da Grécia para Foxton), e Anna, a Knight Princess, com a espada sempre em punho! :)
Meu tigrezinho e a pequena princesa Dragão. :)
No domingo cedo aconteceu o market, para as crianças oferecerem produtos e serviços a preços módicos. Achei essa atividade particularmente interessante para as crianças entenderem como a nossa sociedade funciona, baseada na troca por dinheiro. Acho que o Igor entendeu por que ele ganhou NZ$ 12 pelos cookies, mas precisava dividir metade comigo (já que eu fazia parte da sociedade, pois fiz os cookies e ele enfeitou e escolheu o sabor) e por que precisou pagar NZ$ 0.50 para aprender a fazer um avião de papel com outra criança.
O Igor lá no fundo, com seus cookies. Fizeram o maior sucesso! Acho que não deu 15 minutos para liquidar todo o estoque! :)
Além de aprender a relação produto-dinheiro e serviço-dinheiro, o Igor aprendeu a fazer estampa no mais estiloso estilo literatura de cordel (mas aqui, claro, eles usam outro nome… hehehehe).
Os desenhos ficaram lindos, lindos! Eita criançada criativa e dedicada, sô!
Fora isso, era lindo ver as crianças observando outros adultos fazendo as coisas. Eu me senti com uns 80 filhos a mais e senti que meus filhos tinham uns 60 pais e mães. Vivemos um fim de semana realmente em comunidade, onde não tinha sentido sair buscando o pai ou a mãe responsável por aquele serzinho de meio metro que saía pelo portão, mas que tinha muito mais sentido ir lá e explicar para ele que ali era perigoso e dentro do camping ele estaria em segurança.
Thomas toca um instrumento australiano e as crianças observam.
Não foi perfeito, nem tinha de ser, mas foi lindo ver tanto amor, tanta persistência, tanta dedicação.
O meu balanço geral foi: quero viver em comunidade. Sim, é mais difícil (não é fácil agradar a todos), mas é tão mais natural, mais leve, mais gostoso!
O balanço do Igor não foi muito bom, não. Acho que ele ainda sentiu um pouco de dificuldade com relação à língua, apesar de ter visto ele brincar por longos períodos com diferentes crianças. E à noite foi particularmente difícil para ele, pois era muito escuro e ele ficou com medo.
O Caio disse que não gostou, porque não tinha TV (hehehehe). Mas acho que ele foi o que mais aproveitou, pois eu o via duas ou três vezes em cada dia. Ou ele estava totalmente envolvido em alguma brincadeira, ou estava metido numa das casas-com-rodas… :)
A Anna ficou totalmente à vontade, andava pra lá e pra cá e distribuía sorriso e simpatia para todos.
O Jorge disse que gostou, também, mas não vou pôr palavras na boca dele, senão depois ele vai querer tirar satisfação comigo… hahahaha
No fim eu senti que aprendi tanto em tão pouco tempo. E não aprendi com discursos ou escritas, aprendi com o olhar, com o sentir, com o sorriso, com a mão na mão, com as lágrimas… Ainda estou tentando entender, pois continuo meio maravilhada. E só tenho a agradecer por ter tido essa linda oportunidade.
A todos os presentes e aos meus filhos, que me levaram a esse lugar encantado: muito obrigada!

2 comentários:

  1. Que lindo, Pê. Deve ser maravilhoso encontrar tantas pessoas com o pé pra fora assim como vocês!

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  2. Esqueci de comentar que a parte de o Igor aprendendo a fazer aviões de papel me trouxe um flashback do dia em que o conheci e nós fomos naquela pracinha lá perto da Presidente Altino. Ele fez vários modelos e ficou fazendo com que eles voassem. Me encantei por ele e pelo capricho com que ele fazia as dobraduras.

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