Eu também não ligo de conversar com estranhos, mas na maioria das vezes eu evito. Deve ser porque eu não brinco mais e procuro conversar com pessoas que têm algo em comum comigo… Pôxa, bem que os adultos poderiam brincar mais…
Ops! Estava já me perdendo nos pensamentos. O que eu vim escrever aqui, além das novidades, era justamente uma reflexão sobre as coisas. As tantas coisas que temos. As coisas que achamos que somos. E hoje, coincidentemente (não acredito em coincidência, mas vamos escrever assim que fica bonito), deparei-me com estes trechos do livro "Sociedade sem escolas", de Ivan Illich:
Para o reformista social não há regresso nem mesmo para as suposições da década de quarenta. Desapareceu a esperança de eliminar o problema da justa distribuição dos bens pela produção abundante dos mesmos. O custo do mínimo de embalagem capaz de satisfazer os modernos gostos subiu astronomicamente; e o que torna modernos os gostos é sua obsolescência antes de serem satisfeitos.
[…]
Uma sociedade comprometida com a institucionalização dos valores identifica a produção de bens e serviços com a demanda pelos mesmos. A educação que nos faz necessitar do produto está incluída no preço do produto. A escola é a agência publicitária que nos faz crer que precisamos da sociedade tal qual ela é. Em tal sociedade o valor marginal tornou-se sempre autotranscendente. Força os poucos grandes consumidores a disputar o poder para esgotar a terra, a encher seus estômagos inchados, a disciplinar os consumidores menores e paralisar os que ainda encontram satisfação em arranjar-se com o que possuem. O "ethos"da insaciedade está, pois, à raiz da depredação física, da polarização social e da passividade psicológica.
(páginas 122-123)
Porque o pensamento no livro é todo esse: do poder de quem detém o saber, do poder que traz a dificuldade de encontrar informações, do treino em sermos consumidores que a escola faz e aceitarmos o status quo.
Estava auxiliando na edição de um livro para o ensino fundamental, de geografia, e conforme lia o texto e mudava alguns paradigmas em mim, menos eco o conteúdo encontrava na minha consciência. O fato de o livro conter narrações e narrações de como o mundo é não permite ao aluno perceber que, na verdade, o mundo está. E ele pode não estar assim ou assado se esse mesmo aluno achar que não.
Será que um dia consigo editar um livro com o que acredito? Seria uma experiência bem interessante…
Com relação às ciências deve ser a mesma coisa. Ok, há muitas leis e tal, mas se você trouxer inúmeras possibilidades para o aluno, ele será capaz de rever todas elas e, quem sabe, alterá-las!
Por falar em ciências, fim de semana passado, em meio a mudanças mil lá em casa, fomos eu e o Igor ao Museu Catavento, encontrar uma amiga do Igor (uma fofa! A família toda, na verdade). Que lugar fantástico! O Igor corria de um lado para o outro, experimentando, encostando, lendo… Comentei com o Jorge que uma visita é pouco. Precisaria de muito mais.
Fora que depois fomos almoçar na casa dessa amiga e fechamos com um sorvetão. :) Foi um dia maravilhoso… E repleto de aprendizado. Por que nossa sociedade insiste em querer nos fazer acreditar que o aprendizado e o trabalho vêm acompanhados de um dia chato e monótono?
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