quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O que anda acontecendo

Estou sem escrever não porque não tenha nada para contar, mas porque ando com muita coisa para fazer... Muita coisa trabalhosa, mas libertadora. Estou transformando a minha casa numa mala! :) E como é interessante perceber como as coisas guardadas mostram quem somos.
Descobri ao escolher poucas roupas e sapatos para levar, por exemplo, como fico esperando um dia especial para usar determinada peça (geralmente desconfortável). E essa peça fica lá, um, dois, três, quatro anos esperando, esperando e esperando... E o dia "especial" não chega e eu não faço nada com ela. Sem contar que as minhas roupas e meus sapatos têm funções. Mais ou menos assim: sapato confortável para passear, sapato desconfortável para me apresentar para os outros, seja no trabalho, no bar, na festa. Que doido, né? Eu me visto desconfortavelmente para os outros! Ia chegar um dia em que eu ia me dar conta de que estar com os outros era desconfortável e não ia me tocar que a culpa era toda da minha veste...
E pensei que sou assim com muita coisa - as eternas máscaras sociais.
Quanto à casa, está sendo um processo bacana também.
Quando o Jorge pediu para as crianças separarem os brinquedos que queriam guardar, cerca de 80% dos brinquedos foram doados (duas caixas grandes). Quando ele pediu para elas separarem os livros que queriam guardar, cerca de 80% foram escolhidos! Veja só: eles deram mais valor aos livros que aos brinquedos. Achei tão significativo... Acho que eles percebem meu amor pelas letrinhas... rs
E no meio disso tudo continuo estudando Espinosa, Ivan Illich, Não-violência Ativa etc. etc. etc.
Anteontem pesquei essa frase no livro Sociedade sem escolas:
A escola faz da alienação uma preparação para a vida, separando educação da realidade e trabalho da criatividade.
(p. 59-60)
Também estou num processo de abertura para entender o que quero fazer na vida como trabalho. Gosto de editar, ler, conhecer, conversar, estar com os outros, liderar, resolver, falar, ouvir, opinar, observar, aprender. Então acho que caibo em diversas funções, não apenas na que me encontro hoje. A janelinha está escancarada, igual ao meu guarda-roupa sem portas, esperando um insight acontecer...

2 comentários:

  1. Muito verdadeiro o que você falou, Pê. A gente sempre deixa aquela peça estranha para "quem sabe um dia" sair com ela. As confortáveis ficam batidas e, por isso mesmo, ainda mais confortáveis e irresistíveis de serem usadas.
    É como o que dizem: a gente trata os estranhos com mais tolerância do que os nossos próximos porque, se explodimos, esses próximos vão continuar nos querendo bem. Já os outros não podem ser maltratados e merecem que nos vistamos de modo desconfortável, porque são essas coisas superficiais que definem se eles irão nos aceitar ou não.

    Por isso que vc e a sua família já me viram tantas vezes com aparência em estado de calamidade pública. São tão próximos que eu não estou nem aí! :)

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