Uma noite fomos dar tchau para aquelas muchachas que tinham se hospedado lá em casa. Elas continuariam a viagem pelo mundo dois dias depois, seguindo para a Austrália.
Natália e seu jeitinho de menina... |
Foi muito gostoso poder vê-las novamente, conhecer outras pessoas e apresentar gente bacana pra minha mãe, além da cidade à noite, que eu acho bem bonitinha... :)
Só que estava um frio terrível... Uma ventania! Ficamos até sem água quente por uns três dias...
Coitada da minha mãe, né, que estava de férias e passou apuros... Mas acho que ela também aproveitou:
Escadaria no centro da cidade. |
Izabel-turista; Jorge-paparazzi. |
Família-turista no centro de Auckland. |
Num momento master builders. |
Enquanto isso intercalávamos com idas à cidade...
Agora é a vez do Jorge e da Anna posarem perto da Sky Tower... |
Igor: "Olha, eu não caio porque o vento me sustenta!" Caio: "Ai, minha touca!" |
Todos (ops! A Anna estava dormindo) brindando. |
Claaaaaro que tem a clássica foto com o anão-gigante. |
Deu um apertinho no coração... Bem egoísticamente falando queria que ela ficasse um tempo com a gente... |
Eu fiquei mais tranquila, é verdade, mas como o processo do Igor ainda estava rolando e, claro, não teria sentido algum ficarmos sem ele, eu não estava totalmente sossegada.
Fora isso, eu fiquei com o ego ferido depois de ter de provar três vezes que eu e o Jorge temos uma relação estável. Então eu realmente não estava empolgadona e feliz com o desafio de encontrar uma casa para nós pelos próximos 12 meses.
Mas o tempo urgia e tínhamos de encontrar uma casa não muito cara, mobiliada e disponível.
Na segunda à noite peguei a pesquisa que o Jorge tinha feito, filtrei e pus mais umas na lista.
Terça acordei e fui ligar. A primeira opção tinha feito meus olhinhos brilhar e meu bolso respirar tranquilo. Liguei.
O senhor do outro lado disse que não poderia alugar para nós porque iríamos ter problemas de comunicação.
A minha autoestima, que já está no subsolo com relação ao inglês, pegou um elevador direto para as profundezas de Hades. Senti a garganta fechar e meus olhos encheram-se de lágrimas.
Sabe aquela sujeirinha que se agarra na margem do rio para não ser levada pela correnteza? Eu estava embaixo dela. Com toda a delicadeza do mundo o senhor do outro lado da linha fez eu me sentir tão incompetente... Como assim, estou aqui há 9 meses e não aprendi a me comunicar? Como assim não sou capaz de conversar sobre questões referentes a aluguel?
Pode ser que o senhor seja preconceituoso com brasileiros, pode ser que ele não goste de imigrantes, pode ser que ele não quisesse crianças na casa e achou melhor usar a língua como desculpa... Os motivos dele podem ser inúmeros, mas eu tenho de olhar pra mim, para esses sentimentos que tenho de completa incompetência. E não é só em relação à língua, mas lembra quando eu tive um ataque de "que péssima mãe eu sou"?
Estou com esse mesmo sentimento de novo, só que agora parece que é com tudo. Sinto-me incompetente para conversar com o Igor, com o Jorge e com o Caio sem criar atrito, sinto-me incompetente para ensinar a Anna a comer mais e mamar menos e também a usar a privada mais vezes, sinto-me incompetente para mostrar aos meus filhos como é bom se alimentar bem, comendo verduras e frutas e estou me sentindo incompetente até com minha saúde, que não melhora.
Estou naquele clássico momento "para tudo que eu quero descer".
Consigo reconhecer algumas ótimas reflexões no meio desse meu baixo-astral todo, claro, mas gostaria de sair dele logo...
Anna botando uma língua pro meu baixo-astral... |
Ai, Pê, dá um abraco aqui porque sei muito bem como é se sentir uma inútil por causa do idioma. Estando sempre acostumada a tomar as rédeas das situacoes, de assumir os compromissos, de me virar sozinha, acho terrível nao conseguir falar com as pessoas, de querer me expressar e nao conseguir, de ter que pedir para o Christian fazer as coisas pra mim. Como é difícil, né? De verdade nao sei como tem imigrantes que conseguem viver a vida inteira sem falar o idioma local.
ResponderExcluirEspero que seu arco-íris chegue logo aí.