terça-feira, 21 de abril de 2015

Pequenas alegrias, grandes gentilezas

Ontem foi um dia normal, mas muito feliz...
Tudo começou como um dia comum, igual a tantos outros. Crianças discutindo, beliscando, gritando, lutando por espaço... Mas não sei dizer bem por quê, só sei que eu estava vendo com olhos de arco-íris. Estava tranquila, não me sentia exausta em ajudá-los a resolver algum conflito pela 1.345.287ª vez.
Então o Igor aceitou um convite para ir brincar na casa dos amigos e eu aproveitei que ele ia sair e fui ao mercado com os dois menores. Assim ninguém chora porque um saiu e ele/a não...
Fomos caminhando e durante o caminho eu estava leve e feliz. Vê-los parar para ver pedrinhas, folhinhas e passarinhos mortos (ô, dó!) não estava sendo um empecilho para mim.

E aqueles diálogos incríveis me faziam sorrir. O melhor foi este:
Caio: Você sabe o que é arroto, Anna?
Anna: Sei. Tipo assim: ARROUT
Caio: Não. Tô falando arroto de verdade. Sabe, quando a gente bebe água de refrigerante?
Anna: Sei. Tipo assim: ARROUT
Chegamos ao shopping, fomos aos correios e seguimos para o supermercado. Fiz a compra, fui para a fila. Com a minha visão periférica percebi que eu tinha, sem querer, cortado a fila. Quer dizer, a senhorinha parou antes do lugar da fila acho que para mexer na bolsa e eu não achei que ela já estivesse de saída. E ao vê-la se aproximar meio de lado, entendi o que ela estava querendo dizer... Não pensei duas vezes, pedi que ela fosse na minha frente. Ela agradeceu e confirmou que tinha parado para mexer na bolsinha e por isso não estava no lugar certo. Sem problemas! E ela foi feliz na minha frente.
Percebi que ela conversava bastante com o rapaz do caixa, toda gentil. Uma fofa, na verdade. E antes de ir, agradeceu-me de novo. :D
Passei minha compra no caixa e ao passar o cartão, apareceu uma mensagem de erro. De novo - pensei - a %&@#* do cartão não quer passar!
Esse cartão já fez isso comigo algumas vezes, mas eu tinha uma alternativa das outras vezes e não me causou maiores problemas. Ontem eu não tinha alternativa. Ou era o cartão, ou era o cartão.
Falei para o moço encostar minha compra por alguns minutos que ia ligar para o banco para saber o que estava rolando (de novo! Já tinha ligado para eles sobre isso umas três vezes. Inclusive na semana passada!). Fiquei pensando: "Que meleca! Agora vou ter de ligar pro Jorge para ele pegar o número ou ligar pelo Skype... Aí não vai dar certo, vou ter de usar meus créditos do celular com uma ligação internacional... As crianças vão começar a ficar impacientes... Iche, já tão pedindo o chocolatinho que eu comprei..." quando percebi que o caixa me chamava. Ele disse:
"Essa senhora pagou suas compras", apontando para outra senhorinha que estava atrás de mim na fila.
Eu: "Hein?" -- acho até que perguntei em português mesmo...
"Essa senhora se ofereceu para pagar suas compras."
"Puxa" -- me virando para a senhora -- "tem certeza? Então a senhora pode me dar seus dados para eu te pagar depois?"
Ela: "Não, não precisa."
Eu: "Como? Não precisa? Mas... eu... a senhora... Posso fazer alguma coisa pela senhora, então?"
Ela: "Sim. Quando alguém precisar, você paga a compra para ele."
Meus olhos se encheram de lágrimas, disse muito obrigada e virei para o moço do caixa que me olhava sorrindo. Resolvi tudo rapidinho antes que as lágrimas caíssem e fiquei boba, desacreditando no que acabava de vivenciar.
Ela não julgou se eu comprava algo fundamental pra mim ou não (metade da compra, sim, mas tinha batatinha, chocolate, ginger beer...), ela não titubeou em pagar a conta, ela nem sequer titubeou quando me ofereci para fazer algo. Gente, que desprendimento!
Essas coisas acontecem por aí e eu adoro ler sobre elas para regar a minha plantinha de fé na humanidade. Quem diria que um dia aconteceria comigo! :)

3 comentários:

  1. Que demais!!! Parece muito um daqueles vídeos que rolam no YouTube sobre passar a generosidade para frente. E não é que essas coisas acontecem de verdade? Maravilha!!

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  2. Só acontece com anjos! Quando os anjos fazem acontecer...

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