Continuando a reflexão do post anterior, sobre como me sinto morando aqui no exterior com meus pimpolhos, ainda gostaria de dizer que quando vejo aquelas reportagens sobre pessoas que largaram tudo para dar a volta ao mundo com 500 reais no bolso, ou aqueles anúncios de "precisamos de você, que gosta de ajudar as pessoas e viajar", com vagas para trabalho voluntário em diversos lugares do globo, confesso que fico com invejinha dessas pessoas livres, leves e soltas, que podem se candidatar para uma vaga de voluntário ou sair por aí, sem dar maiores satisfações ou ficar pensando sobre pessoinhas lindas que dependem delas...
Olha os meus tranqueirinhas aí, gente! :p |
Além disso há as outras dificuldades que nem têm tanto a ver com liberdade, mas com fincar raízes, como alugar uma casa: percebia certo desconforto nos proprietários quando dizia que tinha três filhos. E também nunca aceitaram minha oferta de caseira temporária (no meu perfil em um dos sites que oferece esse serviço falo das crianças, claro).
Depois o sentimento de inveja some e vem certa antipatia com esse nosso mundo, esses nossos valores, em que as crianças são consideradas um empecilho, um problema, destruidoras de lares... (hehehe... Adoro forçar a barra!)
Mas tirando o exagero, parece que nós, adultos, definitivamente não estamos preparados para as crianças. Elas não têm muita voz, nem muita vontade. E quando dizemos "não pode ficar satisfazendo a vontade das crianças" o que queremos dizer é "não pode comprar a SUA tranquilidade dando coisas para as crianças". Porque você acha mesmo que alguém satisfaz as vontades das crianças? Eu não acho.
Ontem mesmo aconteceu mais um episódio (diário) em que a minha vontade (ou a dos outros filhos) esbarra na vontade de outro alguém. Queríamos ir ao parque para tentar vender uns bolinhos para ganhar um dinheiro. Além da situação preta, os meninos estão fazendo planos de comprar coisas e não tem como planejarmos mesada agora. Então decidimos que 1/3 da renda iria para o "vendedor" e 2/3, para a casa. Por isso precisávamos chegar cedo ao parque ou, pelo menos, antes de todo mundo debandar.
A Anna não estava interessada. Ela queria parar no parquinho que ficava no meio do caminho (e nunca tem ninguém) e tive de conversar para tentar mostrar que havia outro objetivo. Mas como explicar em palavras simples toda a razão de estarmos indo em "tal" parquinho e não em qualquer um?
Faça uma mágica, fadinha, para eu conseguir lhe explicar! |
"Ai, peraí que tô distraída com a minha saia..." |
E é assim com muitas coisas. Quantas e quantas vezes tive de parar, sentar e refletir: "péra lá, isso é realmente fundamental? Eu preciso mesmo fazer isso, e agora?". Porque a minha vontade mais íntima é colocá-la à força no carrinho e ignorar os gritos e choramingos... Sim, essa sou eu, com toda a sociedade dentro de mim.
Esses dias estava pensando em fazer um post parecido, contando sobre as minhas impressões de morar fora (fora de onde?) com as crianças. Também tenho uma certa inveja dessas pessoas que parecem viver as vidas dos sonhos, mas, ao mesmo tempo, me pergunto o quanto disso é verdadeiro. Eu não tenho nem ânimo de viajar estando com as duas, e já sabendo o quanto eu me estressaria para organizar as coisas. Aí penso na maravilha que deve ser estar sozinha e poder fazer o que quiser. Mas não sei o quanto de toda essa aventura que as pessoas buscam é realmente vontade de descobrir o mundo, ou de tentar convencê-lo (e a si próprio) de que estão fazendo o que os faz feliz. Ou será que o estão fazendo para preencher buraquinhos externos?
ResponderExcluirE o bolo, vocês venderam?
Pois é... Como eu disse, ambas situações têm o lado bom e o lado ruim. Mas assim como eu posso também estar genuinamente feliz com as crianças, acredito que alguém possa estar na mesma vibe sozinho. É, dá mais trabalho, mas acredita que eu gosto de sair com eles? Vou até escrever um post sobre isso...
ExcluirAh, e o bolo, não vendemos... Esse será outro post também... Loooonga história. :D