quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Patinhos e mudança

No dia seguinte à volta do Igor à casa, tivemos visita de alguns patinhos, anunciando a chegada definitiva da primavera. Eles comeram, beberam e foram embora.
Crianças assistindo aos patinhos...

Continuamos a ver muitos patinhos por aí, alguns já grandes, outros que acabaram de sair dos ovos... Só de observá-los por alguns minutos podemos aprender um monte de coisas, e a mais triste é que daqueles nove, dez patinhos, ao final da estação só restarão dois, quem sabe três...
E quando me deparo com essas cenas, não há como não fazer um paralelo com o ser humano e com a minha vida.
A pata mãe, aparentemente, não dá pela falta dos patinhos que foram mortos ou se perderam. Ela segue sua vida, cuidando dos patinhos restantes. E na primavera que vem vai acontecer tudo novamente: dos vários patinhos chocados, apenas poucos chegarão à fase adulta. E o ciclo continuará, continuará e continuará...
Nós ainda estamos em um ciclo de mudanças contínuas... Logo depois de o Igor estar em casa, precisamos nos mudar, porque o proprietário decidiu vender a casa. Não dá para ficar olhando para os patinhos faltantes, e por isso olhamos para os restantes: colocamos nossas coisas no carro emprestado (valeu, de novo, Lucas!) e seguimos para um novo lar.
Reduzimos mais uma vez nossas coisas para que a mudança fosse simples. E foi! :)
 Ficaremos seis meses nessa casa. Serão só seis meses. E mesmo assim, me senti muito bem aconchegada. Foi como se a casa tivesse nos recebido de braços abertos...
Como manda a tradição, a primeira refeição pós-mudança tem de ser pizza!
 E ouso dizer que não foi só eu que me senti "em casa"...
Jorge relaxando na banheira. Uia! Temos banheira e pagando menos!
As crianças, nos primeiros dias, ficaram falando da outra casa como se ela fosse nossa casa e essa não, mas logo todos já estavam super à vontade, felizes, mesmo, com as coisas da nova casa. Essa é uma lição que eu gostaria que elas aprendessem: não se apegar a um lugar, a uma casa, a uma coisa, e entender que o que faz um lugar ser ou não nossa casa não é o edifício ou o lugar, somos nós mesmos, ou ainda os que estão conosco.
Eu confesso que estava bem abalada com todas as dificuldades que estávamos encontrando e não tinha mais certeza se queria ou não chamar a Nova Zelândia de "minha casa". Eu estava me sentindo mal-vinda... E quando me sinto assim, não costumo pensar duas vezes: me mudo. Estava como meus filhos, perguntando pela "outra" casa. Mas a vida... Ah, a vida, essa brincalhona... Veio me mostrar o que eu quero que meus filhos aprendam.
Por causa das dificuldades com o Igor e nosso pedido de socorro, apareceram mãos, braços e pernas de todos os lados para nos amparar, nos ajudar, nos acolher.
Pessoas que nunca vi antes fizeram bolo para mim e minha família, fizeram comida congelada, fizeram visitas, fizeram ligações, emprestaram jogos, videogames, livros. Pessoas se ofereceram para ficar com meus filhos, foram me visitar, conversaram comigo e me deixaram falar. E chorar. Pessoas nos presentearam com passeios, com dicas, com convites.
E pude ter certeza de que o lugar não importa. A casa não importa. O que importa são as pessoas. E, felizmente, há 7 bilhões delas por aí. :)

Um comentário:

  1. Oi Penelope, nunca escrevo, mas estou sempre por aqui, acompanhando vocês.
    Feliz em saber que tudo está melhor, mais estável. E que todos cresceram ;-)
    Um abraço!

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