quarta-feira, 10 de julho de 2013

Capítulo 4 - As escolas

Comecei a trabalhar pertinho de casa. Ia almoçar com o mais velho em casa, mas precisava, ainda, deixar o Caio na escola em período integral.
Matriculamos o pequeno numa escola montessoriana. Contratamos uma perua escolar para trazê-lo. Entretanto, mesmo sendo há poucos quilômetros de casa, de sexta-feira ele chegava a ficar 1 hora no trânsito. Chegava cansadinho, mal-humorado. Ou, então, elétrico do pirulito que ganhava...
A escola não me cativou como a Waldorf havia me cativado, apesar do espaço ser maravilhoso. O pior dia foi na festa de fim de ano, em que as crianças se prepararam para se apresentar para os pais. Até então eu não havia tido contato com os outros pais e não sabia do que se tratava a apresentação.
Fiz a fantasia do pequeno, fui animada para a festa. Mas, assim que chegamos, ele agarrou no meu pescoço e não quis se apresentar. A professora insistiu de um lado, eu, de outro, e decidi que ele não iria se apresentar não, já que não estava nada animado. Ali um "plim" se fez: as crianças, em sua maioria, estavam envergonhadas e reproduziam gestos e movimentos treinados com as professoras em xis marcados no chão do palco. Entendi porque o Caio insistia para que eu ficasse de pé no xis em brincadeiras em casa... Putz!
Fiquei triste pelas crianças que mal se mexiam. Fiquei triste pelos pais que viam tudo pelas lentes das câmeras fotográficas e filmadoras. Fiquei triste por deixar meu filho num lugar em que ele precisava ficar de pé, sobre um xis, para ser elogiado. Fiquei triste por perceber que fazia parte da crème de la crème da sociedade, pois todos ali tinham um padrão meio parecido.
Coincidência ou não, dali a poucos dias fomos avisados de que abrira uma vaga para ele no CEU perto de casa. Ufa! Agora ele não precisaria ficar até 1 hora no trânsito de sexta-feira. Ufa! Talvez uma escola pública não me fizesse sentir um peixe fora d'água na sociedade.
Nessa época eu já estava grávida da Anna, minha caçula. A gravidez foi bem turbulenta e, por isso, merece um capítulo à parte.

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