quinta-feira, 11 de julho de 2013

Capítulo 5 - A terceira gravidez

Como disse, a gravidez da Anna foi bem turbulenta. Foi uma gravidez não planejada (mas desejada, porque eu tinha intenção de ter um terceiro filho) que me deixou envergonhada (!) no trabalho, pois descobri a gravidez um mês e meio depois de entrar na nova empresa.
Agora até fico refletindo sobre isso: que sistema mais maluco é esse que me faz sentir envergonhada/culpada de ter engravidado, de estar com gripe ou dor de garganta? Maluco...
Por causa desses sentimentos, escolhi começar meu pré-natal rapidamente com a minha parteira (a mesma que havia atendido ao parto do Caio, em casa) e com uma terapeuta. Elas foram essenciais em muitos momentos.
Primeiro porque eu tinha um medo íntimo de o bebê (não sabia que era uma bebê até a hora do nascimento) nascer com algum problema de saúde. Um pouco por causa do histórico familiar, outro pouco porque me achava responsável por tudo (sabe aquela máxima de levar o mundo todo nas costas? Pra mim funciona muito bem! rs). E não é que em um ultrassom descobriu-se que um dos rins do bebezico não havia se formado direito? Foi um estresse danado. Se não tivesse essas duas mulheres comigo, a parteira e a terapeuta, teria desabado.
No fim a Anna acabou nascendo um pouco antes, com direito a repouso absoluto alguns dias para, pelo menos, a gravidez chegar às 37 semanas para garantir uma segurança a mais ao parto domiciliar (minha parteira sabia que eu preferirira ficar imóvel a ir a um hospital... hehehehe).
E o parto da Anna foi assim: 45 minutos de dor intensa, absoluta e sem intervalos.
O parto, para mim, não é só o nascimento de um bebê. É o nascimento de um mundo novo, descortinado, nu e cru e doído. A Anna nasceu, eu não acreditei. Fiquei lá, feito boba, um ou dois segundos.
A Vilma (a parteira) até agiu diferente. Porque quando o Caio nasceu, ela aparou-o, pegou-o e colocou-o no meu colo. Dessa vez acho que ela percebeu que fui pra outro planeta e que ela precisava me acordar. Perguntou firme e doce ao mesmo tempo:
-- Vai pegar o bebê?
Acordei, peguei e só consegui dizer: "é tão lindinho!" E a Vilma perguntou se era lindinho ou lindinha. E eu vi que era uma menina. Uma menina que faltava para eu entrar em contato com a feminilidade do mundo. A partir dali, nada mais seria como antes.
P.S.: Cientificamente, o repouso não garante que o parto prematuro não aconteça. Mas acho que a minha parteira tinha mais a intenção de me deixar concentrada no momento do que outra coisa...

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