quinta-feira, 18 de julho de 2013

A insegurança e o "vazio"

Lembra do primeiro capítulo, em que as pessoas me perguntavam e falavam várias coisas? Elas continuam:
-- Mas como "sem escola"? Você vai ensiná-los em casa?
-- Vai ter um(a) professor(a), né?
-- Ai, eu sempre quis fazer isso, mas ninguém deixou.
-- Nossa, que coragem.
-- Entendo seu ponto de vista, mas isso não é pra mim.
-- E o que vocês vão fazer agora?
E as minhas respostas são:
-- Não, não vou ensiná-los com grades horárias e conteúdos programados. Se eles pedirem ajuda, eu ajudarei.
-- Não necessariamente. Se eles precisarem/quiserem, podem ter aulas particulares ou tutores (acho mais legal!).
-- Ninguém não deixa ou deixa... Ninguém não existe. Só existe alguém e esse alguém é você.
-- Não é coragem. É medo do que já vivi.
-- Também entendo que não é para todos. E aí está a beleza da vida.
-- Não sei o que vamos fazer.
E é essa última resposta, tão vaga quanto o nada, que às vezes me perturba. Não é fácil lidar com o "vazio" nessa minha vida sempre tão preenchida e organizada por compromissos, planos, projetos...
Só sei o que eu não quero: não quero mais morar em São Paulo, por causa da poluição (visual, sonora, atmosférica) e da quantidade de pessoas (creia-me: não é fácil pegar ônibus lotado com três crianças a tiracolo...) e não quero mais ter uma vida escolarizada.
Agora: Onde vou morar? E se o comprador demorar para encontrar meu apartamento? E se a gente for conhecer a Nova Zelândia e gostar de lá? E se a gente pedir o visto e não aceitarem? E se faltar dinheiro? E se... e se...
Sim, são coisas que me causam uma tremenda insegurança, mas continuo fazendo o esforço de deixar todas essas respostas em branco. Não sei. Não sei mesmo o que faremos, como vai ser, o que eu vou comer amanhã no almoço. E isso não é, de fato, um problema. É apenas um vazio e vou ter de aprender a lidar com ele.

3 comentários:

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  2. Também acho que a desescolarização não é para qualquer um. Enquanto eu sou quem eu sou agora, acho que não é para mim. Talvez um dia seja, se eu mudar. E essa questão é realmente interessante porque, só porque não é para qualquer um, não significa que vocês, que estão tão empenhados em mudar o panorama da família, devam fechar os olhos e aceitar as condições da sociedade só porque é o que todos fazem. Acho fantástico que existe uma família que É para isso e que não vai se limitar a sentar no sofá num domingo à noite e reclamar da vida.

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  3. Li uma frase hoje de manhã e lembrei de você: "nossos filhos não precisam das melhores escolas, precisam de melhores pais". Puta orgulho de vocês.

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