quinta-feira, 4 de julho de 2013

Capítulo 1 - O blog

"Pé pra fora" (ou Pê pra fora...) é o nome do blog. É assim que eu e meu marido nos sentimos. Nem é uma coisa muito complicada afinal, mas vamos partir do começo...
No começo eu me questionei sobre a qualidade e a quantidade do tempo que ficava com meu filho mais velho. Na época, com cerca de 4 anos.
Eu trabalhava o dia todo do outro lado da cidade, levava-o comigo, pois a escola em que ficava em período integral era do lado do trabalho, chegávamos em casa muito tarde, tomávamos banho e dormíamos. Convivíamos no ir e vir e aos finais de semana.
Até aí, normal, quem não faz isso?
Mas meu filho mais velho, o Igor, não era uma criança-padrão (será que isso existe?). Ele era muito nervoso, irritava-se fácil e saía do controle. Batia a cabeça na parede e se arranhava até sangrar.
Em todas as escolas pelas quais passou as professoras não souberam ajudá-lo ou me ajudar a compreendê-lo.
Então, quando ele fez 5 anos decidi virar a mesa e passar mais tempo com ele. Pedi a conta da empresa em que estava, virei freelancer, coloquei-o numa escola Waldorf.
A mudança com ele foi fantástica. Eu e o pai dele ficávamos boquiabertos a cada alteração.
Mesmo assim, a professora indicou uma terapeuta e, cada vez mais, eu acreditava que definitivamente estar pertinho dele só fazia bem à família.
O Igor foi tendo menos ataques de fúria e o caminho se abriu para mais um bebê. O Caio veio e, com ele, a descoberta da primeira forma de pôr o pé pra fora da caixinha: o parto.
Até então eu achava que o parto era um evento médico que, necessariamente, ocorria no hospital, como tinha sido o parto do Igor. Mas não! Descobri, pelas andanças despropositadas na internet, que o parto pertence à mulher e poderia ser realizado onde ela se sentisse mais confortável e confiante.
Eu não precisaria passar pela violência a que fui submetida; nem pelo descaso; nem pelo abandono; nem pelo "mãezinha" dito carinhosamente pelas enfermeiras e atendentes que, no entanto, incomodava-me.
Então eu decidi sair do esquema do hospital. Meu bebê, o Caio, nasceria em casa.
Quando eu dizia isso às pessoas, era muito engraçado. Recebi as seguintes reações, se me lembro bem:
-- Mas como "em casa"?
-- Vai ter um médico, né?
-- Ai, eu sempre quis fazer isso, mas ninguém deixou.
-- Nossa, que coragem.
-- Entendo seu ponto de vista, mas isso não é pra mim.
O fato é que o parto em casa era tudo o que precisava acontecer na minha vida. Percebi o quanto a minha vida estava institucionalizada pelos hospitais e médicos, como isso me incomodava e eu nem me dava conta. Dei meu primeiro passo para "fora", que é bem dentro desse mundo mesmo que a gente conhece.
E no capítulo seguinte conto mais como foi. :)

5 comentários:

  1. Pê, muito bom ver você recontando essa histórias, quem sabe em uma delas eu apareço né!! Beijo no coração, minha querida corajosa!!

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  2. Tô super curiosa pelo próximo capítulo. Bjks. Dai

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  3. Emocionei. Identifiquei. Quero mais!

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  4. Que seja longa a vida do blog e das aventuras da mais nova família desescolarizada :)

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