segunda-feira, 15 de julho de 2013

Capítulo 7 - A materialização da mudança

A fala da Anna Thomaz naquele vídeo abriu um leque na minha cabeça. Foi a mesma sensação que tive quando descobri (aqui! Obrigada, Carô!) que "podia" parir meus filhos em casa.
Então eu podia escolher diferente do que tinha ouvido toda a minha vida... E poderia respeitar meus filhos (principalmente o Caio) em suas vontades mais primordiais, como dormir até mais tarde, por exemplo. Porque, indo para a escola, temos de respeitar os horários-padrão, e por que achamos que a criança tem um horário-padrão? Nem como adultos temos. E olha que nos escolarizamos por muito tempo!!
Com essa portinha aberta, outras informações começaram a chegar.
Assisti ao documentário "La Educación Prohibida", li textos interessantes, vi mais vídeos... E fui repassando tudo o que via ao Jorge, discutindo com ele a possibilidade de tirar, ao menos, o Caio da escola. A Anna assim que possível e o Igor... Não, não. O Igor ama a escola. Nós amamos a escola do Igor. Melhor não mexer.
Só que o Caio ia mostrando para nós como era sofrido para ele ir à escola e ser constantemente desrespeitado. Ele é uma criança maravilhosa: criativa, alegre, carinhosa. Só que só come bem uma vez por dia (fim de tarde) e é notívago. Isso, para os padrões da escola não é admissível. A professora reclamava que ele só queria dormir quando chegava, que não comia nada etc. etc. etc.
No início as reclamações não eram nada para nós, pois conhecíamos o Caio. Em casa ele comia suuuuper bem, não perdia peso (pelo contrário, é bem dentro da normalidade), e não havia feitiço e encanto que o colocasse na cama antes das 23h, meia-noite...
No meio disso tudo, eu ainda ia ao berçário amamentar a Anna na hora do almoço, e presenciava a rotina dos bebês lá depositados (desculpa o termo duro, mas era assim que eu sentia)... As professoras cuidavam muito bem, mas não era o suficiente. Havia bebês que ficavam sozinhos, perambulando entre os brinquedinhos espalhados. Havia bebês que queriam colo, muito colo, e elas não "podiam" pegar para não "acostumar", porque senão depois elas iam ter de "viver com eles no colo".
Nessas horas eu queria ir lá, abraçar o bebê, ficar com ele no colo e chamar a mãe dele... E pensava que a Anna também sofria esse abandono de "colo".
Até que um dia o copo transbordou. No capítulo seguinte conto como foi.

6 comentários:

  1. Pê, o vídeo da Anna Thomaz também me deixou inquieta.

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  2. Pê, só consigo ter uma grande admiração por você! Aqui em casa o Gui sabe que você é a materna que me inspira, desde que a conheci virtualmente comecei a entender muita coisa que eu sentia!
    Obrigada por compartilhar essa linda história conosco!

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  3. Adorei as dicas, vou estudá-las com carinho.

    Agora me corta o coração em pensar nesta carência afetiva que os bebês lá sofrem. Como mudar isso?

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  4. Puxa, Noemi, não sei como poderíamos mudar isso... Será que se houver mais ammor nos nascimentos as pessoas terão mais amor em si para ofereceram às crianças?? Tenho esperança de que Michel Odent estava certo!

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  5. Enquanto houver 10 bebês para uma cuidadora que está ali para receber o salário no final do mês, criança nenhuma vai receber o amor que merece (e precisa) na escola. Se as pessoas fizessem o que fazem por amor, talvez houvesse mais carinho. Mas o fato é que ninguém manda criança na escola para receber amor, só para ficar guardada enquanto os pais resolvem seus afazeres.
    Uma vez, encontrei no ônibus um senhorzinho que me contou que tinha uma neta de 1 ano e meio que era a alegria da vida dele e que morava a poucos minutos da casa dele, só que ele quase não a via. Ele disse que a nora preferiu colocar a menina na escola em período integral enquanto trabalha a deixar com os avós. A justificativa: os avós a mimariam demais. Dá para acreditar numa coisa dessas? Ela poderia ser amada em período integral, mas a mãe achou que isso a prejudicaria. Preferiu deixá-la em um lugar estranho e impessoal, e PAGAR por isso. Muito triste.

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